quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Eita mundinho...

Ultimamente tenho olhado concursos e propostas de emprego para área de educação, e aí a gente se depara com como o sistema funciona. Vamos falar em dinheiro, do ponto de vista mais cru possível.

Professor de Educação Infantil: entre 6 a 8 reais hora\aula
Professor de Ensino Fundamental: entre 8 a 15 reais hora\aula
professor de Ensino Médio: entre 13 a 18 reais hora\aula
Professor de Ensino Superior: (ter a sorte de trabalhar em algum lugar bom)

Na sociedade atual, temos por trabalha menos valorizado, aquele que precisa-se de menos especialização (em português claro, mais fácil) para fazer. Absurdo número 1.

Assim, temos que dar aula para pessoas mais jovens é mais fácil. Esse é o consenso, ou o senso comum em qual nossa sociedade e política brasileira estão alicerçados.
Cada faixa etária tem suas próprias problemáticas. Técnicas específicas são necessárias pra todas. O salário do educador devia ser um salário para o educador, e não de acordo com onde e pra quem ele dá aula. Afinal a educação é um problema de todos.

Agora vamos pra outras áreas. Faxineiras, garis, carteiros, entre outras atividades que possuem uma entropia grande, ou seja, coisas que precisam ser "refeitas" com mais frequencia, que se desgastam mais rapidamente.
Também são áreas nada valorizadas, e com certeza essas pessoas trabalham muito mais que outras. Essas sim deveriam ser áreas bem pagas. Afinal, quando vc chega pra trabalhar no seu escritório, e ele está limpo e cheiroso, em condições para que vc possa se concentrar para fazer seu trabalho em certas condições de higiene, foi por que alguem deixou ele assim, ou seja, essa pessoa está contribuindo diretamente para que vc tenha seu melhor rendimento e ganhe mais dinheiro. Então, pq essas pessoas não recebem participação nos lucros das empresas no final do ano, ou se recebem são contribuições miseráveis?
E ainda tem pessoas que desrespeitam com um preconceito velado (ou televisionado*) tais profissões, mas não tem a capacidade de quando visitam a própria mãe lavar o copo que usou pra tomar água.

Faz uns 2 anos que li o livro "Ponto de Mutação" de Capra F. Lá ele trata desse tipo de coisa entre outras mais. E fico triste em saber que tantas pessoas leêm esses tipos de livros só pra poder fazer exibicionismo cultural ao invés de absorver algo.

Na verdade, esse tipo de informação está em todo lugar, não é preciso ler um livro ou ir a uma palestra, ou pagar um curso pra ter noção de que "Aaah, é por isso que é importante lavar as mãos após ir ao banheiro..." ou " Aaaah, se eu jogo lixo na rua, ele entope tudo, a água não vaza e minha casa vai pro saco..." ou " Aaaah, o lugar preferencial no onibus é pq tem pessoas que nao aguentam ficar de pé, mas e se tiver lotado e mais pessoas que nao aguentam ficar em pé do que os lugares preferenciais, o que eu faço?"

Vivemos de um modo que somos treinados a não sermos afetados pelo mundo a nossa volta. Cada vez mais máquina, cada vez menos gente, por dentro e por fora...

3 comentários:

junior disse...

Vivemos em uma sociedade de números e cifras (dinheiro). Para o mundo somos identificados como uma combinação de números - nossos registros, códigos de acesso, senhas, IP, etc. E o valor da combinação é dado apenas pelo que cada um é capaz de gerar em cifras. A equipe de limpeza, os professores de primário... o valor do trabalho deles não é facilmente traduzido em cifras - a visão do mundo é que se alguém só tem o primário, não é apto para trabalhos de grandes cifras. Por isso o professor de faculdade, de pós e mestrado ganham bem mais. Porque o resultado do trabalho deles é facilmente "transformado" em cifras de alto valor. Assim acontece também com as equipes de limpeza (garis, faxineiras e etc) - o trabalho deles não se traduz claramente em cifras, como se não houvesse ligação direta entre o trabalho deles com o que ocorre no local que eles trabalharam. Por esse motivo as empresas hoje terceirizam esse tipo de serviço - essa é a importância dada para isso.

Não acho que isso seja algo apenas no Brasil e também não acho que é apenas culpa do sistema ou do capitalismo. Acho que tudo se resume no que você colocou no seu último páragrafo. Vivemos em um mundo em que a identidade de cada um é sobrepujada por essa combinação de números. Deixamos de ser os Luizes e Ericks e nos tornamos os 32.090.231-X e assim por diante. Uma sociedade individualista (acho isso um tremendo antagonismo) e voltada apenas para a satisfação (ou acomodação) do eu. Para que isso mude, há a necessidade de que as camadas mais instruídas (ou com maior influência - formadores de opinião) se engajem em tentar mudar um pouco a percepção de mundo.

O problema é que o valor que a sociedade nos dá e também como responde às nossas palavras também está ligada a cifra que cada um possui. Quanto mais cifras temos ou geramos, mais nossa voz será ouvida - e, infelizmente também, menos ela se pronunciará. Claro que há exceções, mas elas se tornam cada vez mais raras.

Quando eu era jovem, queria mudar o mundo. Hoje me contento em mudar de carro, endereço e o canal da tv. - Eu realmente espero não chegar a esse ponto, mas convenhamos que a cada ano essa realidade tenta nos engolir.

Ainda creio que possamos fazer uma diferença no mundo, mas, já que não temos super-poderes ou somos multimilionários, isso vai depender da nossa compreensão de como o mundo funciona e da nossa capacidade de adaptar sem perder o foco. Assim caminhamos para nosso primeiro quarto de século.

Li disse...

Eu concordo, para variar. O que vivemos é um mundo de aparências e isso reflete em todos os cantos da nossa sociedade, inclusive na hierarquia do trabalho. Quem vai dizer qual trabalho é o mais importante? Sei que se falta uma peça no quebracabeça, não há como completá-lo, certo?
Injustiça, essa é a palavra da atualidade.

Beijos.

Li disse...

Pensando bem, injustiça não é uma palavra só da atualidade visto que ela se estende por épocas, mas de qualquer forma, você entendeu, não? rs