terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Livro de outono

Comecei um livro no outono retrasado. Não sei bem se a ler ou escrever. Se sou autor ou personagem. Só sei que disso tudo, li sumário, prefácio, dedicatória, índice, e notas do autor. Ou será que foi ao contrário.

Já o achei e perdi tantas vezes o livro, a página, ou a mim mesmo ali, que não sei mais o que nem onde estamos. E no fundo, nesse misto de amor e ódio por algo que não se sabe bem ao certo se é ou não, se tudo, se nada, ou se é apenas página ininteligível, só sei que não vou conseguir seguir em frente se não terminá-lo.

Nas viradas de uma pra outra, sempre acabo me perdendo na tangente do arco descrito por elas, indo sempre parar no mesmo ponto, na mesma palavra, na mesma respiração. Mas parece que algo sempre está diferente, se é livro, se sou eu, ou se é a página. Coisa de louco.

As vezes acho que nunca cheguei a lê-lo de perto. Fico sabendo por terceiros, leio pedaços em passadas em livrarias. As vezes me pego no livro errado, e chego a pensar qual é a minha história. Pois estou sempre ali. Estou?.. Só quero ar.

O ar da graça. E a sua graça, eu sei qual é. Mas cansei. Já basta. Apareça, e faça a bondade. Bicho sem pé nem cabeça. Aí sim, se desfaça e me tire as algemas do interesse e curiosidade.

sábado, 30 de agosto de 2008

Quantas noites já se passaram?...
Eu já perdi a conta. Café, jantar, papo furado. Cinema, jogo, papo cabeça. Ensaio, trabalho, durmo de lado, do meu lado. E cada um pro seu lado...

Cada vez mais e menos, algo entre "dez-loucado"

domingo, 29 de junho de 2008

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Ponderado

Só um pouco de sol, vento, chuva e água.

Além disso, mais nada,
Sol, vento, chuva e água.
Pro bem, pro mal.

Não recuse também um pouco de ar.

Iso-lados

Tenho tesouros que são só meus.
De mais ninguém.
A não ser que vocês queiram
serão apenas meus tesouros.

Gosto deles como são, mas prefiro o que podem ser.
Mexe, usa, abusa, explora, e vira coisa qualquer,
Se transforma nesse quase sem querer
em algo que não terá quando quiser.
Em algo que só pode ter louco.
E que sua loucura deixe apenas filhos saudáveis.

Mas não dou, nem empresto,
São só meus.
podem ser seus...
Mas são só meus!!!

Quer???

domingo, 16 de março de 2008

Extra-Ordinário

Tentar ver tudo sempre de um modo diferente. Simples, mas nada fácil.

Nós sempre nos acostumamos com uma certa rotina, e assim procuramos estabelecer padrões de ação e reação. Meticulosidade, calculismo. E aos poucos nossa vida vai se tornando medíocre.

Outro dia conversando com um amigo, ele me contou sobre uma teoria sobre a relação entre tempo, espaço e memória no nosso cérebro.

Quando passamos por um caminho pela primeira vez, parece demorar uma eternidade. E depois de acostumados a tal caminho, parece que mesmo percorrendo ele no mesmo espaço de tempo, o tempo é menor. Isso acontece devido ao nosso cérebro armazenar as situações, imagens, sons, que são diferentes, ou seja, o estado de atenção é muito maior da primeira do que qualquer outra das vezes decorrentes. Assim, depois da memória estar estabelecida e houver menos coisas "impressionantes" a serem catalogadas, a atenção é menor, e nossa noção de espaço e tempo é alterada.

Fazemos isso todos os dias não? E os dias passam cada vez mais rápido. E envelhecemos cada vez mais rápido. E de repente, há pessoas à sua volta que morrem, outras se casam, outras nascem, e quando paramos, só vemos fatos e momentos marcando a nossa vida. Fatos e momentos que não conseguimos nem lembrar direito de como ocorreu e das pessoas envolvidas... Apenas fatos e momentos...

Hábitos e rotinas. E nada mais...

E isso acontece em tudo. Ao pegar um ônibus, ao conversar com uma velhinha no metrô, ao olhar pra uma garota bonita, ao prestar atenção na sala de aula, ao replicar uma ofensa sofrida, ao defender um pensamento ou uma pessoa, ao se apaixonar que alguém (provavelmente alguns irão descordar nesse aspecto, mas nós também criamos uma forma de controle doentio e inconsciente de nossos sentimentos), ao se desapaixonar por alguém, ao gritar como um bárbaro a puros pulmões para expressar raivas e frustrações, etc... etc... etc...

E a única coisa que nos impede de transformar tudo isso ( digo transformar, não ir contra, não lutar, pois não acredito que negar ou sublimar algo que é parte da integridade da mente humana vá resolver algo) é a falta de coragem para atravessar essa barreira, essa muralha que críamos em torno da torre de nossas vidas.

E o esforço nem é tão grande. O que tem além dessas muralhas não é nada de tão assustador assim.

Há milhões de coisas únicas e extraordinárias acontecendo ao mesmo tempo à nossa vida. Basta abrir os olhos e ver. Limpar os ouvidos e ouvir. Tentar olhar tudo de novo a cada dia, e ver o que mudou de ontem pra hoje. Olharmos para nós mesmos e ver que mudamos, e se não, é só tomar uma atitude diferente. Aulas de dança, uma briga num bar, ficar com alguém completamente inesperado, ir num show de uma banda da qual se gosta, ir no show de uma que da qual não gosta. Fazer diferente. Viver diferente...

A única coisa que temos a perder é nosso tempo...

domingo, 9 de março de 2008

rosa dos ventos

E que seu perfume de rosa dos ventos
não traga nada menos que um amor dentro do peito...

Mas o clima não estava perfeito.

O vento era frio e cortante
E o sorriso, o beijo e o abraço
esperados naquele instante
viraram apenas pedaços
daquela escultura da rosa no gelo
sem tempo e sem espaço.

O aquecedor estava logo ao lado
Mas não pude alcançá-lo
Estava, por seu perfume,
embriagado.
Estava, por seu calor,
mais que encantado.
Mas só isso não bastava para
Ser príncipe ou cavaleiro
Daquele que atravessa o espaço e o tempo
enfrentando calor, chuva e vento
só para levar uma rosa à outra flor.

Mas o perfume,
e o perfume...
Foi doce e amargo.
E não adianta lavar o nariz.

Pois mesmo sabendo que está ali, não sei onde
está a rosa pelos ventos trazidas
e por eles, levada...

sábado, 8 de março de 2008

Dez abafadas...

Medo!!!Medo???medo... MEDO.

Estava estampado na cara, nas palvras, nos olhares das pessoas que passavam por ali. A situação era tensa. A disputa pelo título de vencedor e pelo estigma de perdedor. Mas afinal é disso que se trata toda competição, mesmo aquelas que se trava consigo mesmo.

O jogo era duro e ainda estava zero a zero. Parecia que ninguém entendia como se marcava pontos, ou se entendia, não havia acordo. E de repente, toca o sino do final do último tempo.

Todos, torcedores e jogadores esperando por alguma coisa que gerasse o desempate, e nada. 15 minutos, e nada. Um ruído nas caixas de som.

_ Boa tarde. Decidimos que essa partida será encerrada assim. Sem mais nem menos, literalmente. Pois afinal, num jogo onde as regras não são claras, quem dá as caras nada mais é que a outra metade da coroa. Assim sendo, mantenham-se inalterados. Aliás, medrosos e indignados.

-----------------------------

Muitos dizem que o medo nos dá limites. Eu acredito que ele nos mostra o caminho como nos superarmos a cada instante. Pra mim, esse friozinho na barriga só mostra até onde eu já fui, e que dali em diante eu não conheço. E como eu não nasci pra ser medíocre, assim como todo e qualquer ser humano também não existe pra isso, tomo coragem e avanço contra o medo.

Não de maneira a derrubá-lo, mas sim para deixá-lo mais frouxo e flexível. Assim eu posso sempre chegar um pouco além.

O que há além dessa porta, não é nada mais nada menos do que aquilo que menos esperamos, e em todas as vezes, semente de prazer ou sofrimento. Mas como diriam os sete anões "tchuin tchuin tchun clain".

Não sei viver sem carregar na minha mão direita a minha chave da coragem.

Há já outras pessoas, que, para driblar esse sentimento criam uma ilusão de controle. E por esse caminho criam possibilidades de sim e não lineares. E de repente, susto, medo, frustração.

Eu acho que alcancei o segundo degrau dessa escalada. Já superei a ilusão de controle. Agora falta superar a vontade de ter controle. Esse ainda me frustra e assusta.

A vida não é linear apesar de ser simples. E ao contrário do que muitos pensam, é sim, um caminho sem volta. Na verdade vários caminhos. E todos levam até onde levarem. O que nos cabe é pisar um pé atrás do outro ou não.

É claro que temos experiências e noções de padrões que nos dão dicas de onde possivelmente cada caminho chega. Mas saibam de uma coisa: Na verdade, nunca chega. E quando chegar, é pq já foi.

Levar leve. Um passo de cada vez. O resto, é lucro, é bônus. Não faz nem deve fazer falta.

Sangue. É essa a tinta com que vc escreve a história da sua vida. Se tiver medo de perder todo sangue, de infeccionar um corte ao tirá-lo, de doer demais, de rasgar demais, etcs e etcs, Talvez sua única aquisição ao passar por ela seja um pedaço de pedra escrita : Descanse em Paz.

Um ano e meio que eu fiz aquela promessa. Não vou viver por viver, Vou viver. Ele me ensinou quando deixou de viver. A levarei comigo até meu último segundo.

Mas livre arbítrio...

post confuso e extremamente pessoal. não pensem sobre, apenas leiam sem se preocupar.
De erick para Erick...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Tempo

Quando eu era mais novo, um ano parecia demorar pra caramba pra chegar e pra passar. E agora, ele passa assim, sem mais nem menos as vezes. Tão rápido que fica difícil entender o que aconteceu nesse tempo todo. Ou nesse tempo nada...

As horas não duram. Nem se gastam. Simplesmente passam.
Ah, essas horas... Loucas. Algumas mais curtas, outras mais longas, outras até que não passam nunca. Mas no final elas sempre passam.

As vezes a gente fica morrendo de vontade que uma certa hora chegue, e aí, quando acontece, ela passa, como todas as outras, e só o que resta é uma pergunta:"o que aconteceu agora???"

Engraçado como elas podem nos fazer esperar. E ao mesmo tempo, fazem com que não queiramos esperar por elas.

Minuto atrás de minuto. Segundo atrás de segundo.

Tempo gasto... Não existe. E sim tempo mal aproveitado. Eu já não tenho mais tempo a perder. Continuo andando sem olhar pra trás, pois pra que virar a cabeça se a memória já basta???

Tempo perdido, contado, mesurado. Tempo acabado.

O único controle que temos é do que acontece agora, e olha lá. Quem espera, espera. Aquele que pula, corre, alcança.

A única coisa que não podemos evitar é envelhecer e morrer. Então, se tirarmos todas as máscaras, o modo de encarar mais fiel seria: ou se espera pela morte, ou se mexe e vive até ela chegar. Deixo pra pensar demais depois que morrer. Lá eu terei todo tempo do mundo...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

It's a Kind of Magic

"Now you're looking for the secret, but you won't find it because all you really want is to be fooled"

Vi essa frase num filme sobre mágica, e senti que ela pode ter muito mais sentido além da espectativa em que ver algo inacreditável durante alguns movimentos rápidos de mãos e mecanismos podem oferecer.

Acho que talvez a gente passe a nossa vida toda lidando com isso, ilusões. Queremos ser iludidos, e estamos contantemente nos iludindo com milhares de coisa. Temos a necessidade de prender a nossa atenção a algo que sempre traga um porvir, um futuro, algo no construído somente dentro das nossas cabeças e que talvez nunca se concretize.

Fazemos isso com nossas paixões, nossos empregos, nossa família, nossos amigos. Por mais que tentemos dar um passo de cada vez, construímos arranha-céus em nossas imaginações acreditando que um dia talvez estaremos no topo dele.

E isso não é um problema em si. Através dessas ilusões, desses devaneios, é que guiamos por onde nossos pés pisaram para chegar no topo de tais construções. O chato de tudo isso é que geralmente nos apegamos a tais circunstâncias ilusórias, e aí nos frustramos quando o mundo real nos dá um tapa ardido na cara.

Nos apegamos as ilusões de paixões, empregos, família, amigos, e a ilusão de tudo que está a nossa volta. E criamos e destruímos utilizando nossa imaginação. E aí, de repente, num piscar de olhos, temos uma visão de algo que nunca esperaríamos. Uma paixão, um emprego, algo na família, uma amiga. E nossa visão de realidade bambeia. E ao tentar por o pé no chão, pisco o olho novamente, e não há mais nada na minha frente.

Como num passe de mágica, estar ou não estar são apenas parte de um show que termina em aplausos de um público ovacionando o "prestige". Segundos depois o teatro está vazio de novo e cheio de realidade.

E minha ilusão, onde fica??? no começo no meio ou no fim??? num dia de espetáculo ou numa temporada inteira???

Os artistas são pobres loucos iludidos que não conseguem por o pé no chão por natureza.
E eu só espero que esse teatro abra as portas pra eu poder trazer alegria pra dentro dele de novo através da ilusão criada por "prestige" e platéia...

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Cabeça baixa, cara fechada.
Um sorriso no canto dos lábios como o de quem espera lugar e hora certa.
Um capuz sobre a cabeça, deixando uma sombra sobre os olhos.
Olhos de uma cor qualquer, de quem sabe o que quer mas atento para o que for que vier.
As roupas compridas escondem um corpo esguio.
Andando de um jeito encolhido, não sabe se de receio ou de frio...

.......

Estou cansado... Apesar de só ter começado a abrir os olhos a não mto mais que 20 min...
Não queria fechá-los agora e voltar a dormir... Cansei desse sonho amargo...
Quero o agora de verdade...

domingo, 27 de janeiro de 2008

Gira Mundo

Passa ano, 12 meses
365 dias 8 765,81277 horas
525 948,766 minutos 31 556 926 segundos
E o mundo gira
Gira mundo

Dá uma volta em si
e outra
Nesse quarteirão.
Uma volta no céu
E volta pra casa.


Roda Gigante,
Planeta errante
Correndo e girando
Em torno desse outro maior ainda
E também
Mais brilhante.

E uma hora,
Uma dessas entre dias meses anos.
Dessas que a gente pede um minutinho de atenção
Ou um segundo pra chamar alguém e passar a ligação
A gente acha que já sabe onde tudo vai acabar
Um dia de sol, outro de chuva,
Um na cidade, outro no mar.

Mas algo te tira do lugar previsto
E sem aviso
Te coloca pra nadar num precipício
E aí fica a pergunta
"como assim?!?”


E de repente, bem mais que de repente
A diferença inusitada
Faz com que essa vida, antes premeditada
Transforma-se em algo pra ser escrito
e não mais editado.

E nada mais gira
Gira Mundo

Nada mais roda
Roda gigante

Tudo apenas...
Hmmm...
Sei lá...Introdução, tema, desenvolvimento, reexposição e coda.

No final, só sobram aplausos...

domingo, 13 de janeiro de 2008

Areia

Arrancada da pedra por pancadas das águas
das ondas do mar, das chuvas,
do esquentar e esfriar eterno antes de tudo,
antes de sua viagem pelos anos, pelo mundo.

Quanto tempo pra sair da praia?
Presa no vai e vém das ondas,
revolvida, arrastada e revoltada

Pode virar pérola,
e repousar no pescoço das mais belas mulheres
Algumas tão belas que não precisam de pérolas...

Pérolas... Beleza esculpida pelo tempo...
Pérolas... Nunca se esqueçam que já foram só um grão de areia...
Eu não esquecerei...