terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Livro de outono

Comecei um livro no outono retrasado. Não sei bem se a ler ou escrever. Se sou autor ou personagem. Só sei que disso tudo, li sumário, prefácio, dedicatória, índice, e notas do autor. Ou será que foi ao contrário.

Já o achei e perdi tantas vezes o livro, a página, ou a mim mesmo ali, que não sei mais o que nem onde estamos. E no fundo, nesse misto de amor e ódio por algo que não se sabe bem ao certo se é ou não, se tudo, se nada, ou se é apenas página ininteligível, só sei que não vou conseguir seguir em frente se não terminá-lo.

Nas viradas de uma pra outra, sempre acabo me perdendo na tangente do arco descrito por elas, indo sempre parar no mesmo ponto, na mesma palavra, na mesma respiração. Mas parece que algo sempre está diferente, se é livro, se sou eu, ou se é a página. Coisa de louco.

As vezes acho que nunca cheguei a lê-lo de perto. Fico sabendo por terceiros, leio pedaços em passadas em livrarias. As vezes me pego no livro errado, e chego a pensar qual é a minha história. Pois estou sempre ali. Estou?.. Só quero ar.

O ar da graça. E a sua graça, eu sei qual é. Mas cansei. Já basta. Apareça, e faça a bondade. Bicho sem pé nem cabeça. Aí sim, se desfaça e me tire as algemas do interesse e curiosidade.