domingo, 16 de março de 2008

Extra-Ordinário

Tentar ver tudo sempre de um modo diferente. Simples, mas nada fácil.

Nós sempre nos acostumamos com uma certa rotina, e assim procuramos estabelecer padrões de ação e reação. Meticulosidade, calculismo. E aos poucos nossa vida vai se tornando medíocre.

Outro dia conversando com um amigo, ele me contou sobre uma teoria sobre a relação entre tempo, espaço e memória no nosso cérebro.

Quando passamos por um caminho pela primeira vez, parece demorar uma eternidade. E depois de acostumados a tal caminho, parece que mesmo percorrendo ele no mesmo espaço de tempo, o tempo é menor. Isso acontece devido ao nosso cérebro armazenar as situações, imagens, sons, que são diferentes, ou seja, o estado de atenção é muito maior da primeira do que qualquer outra das vezes decorrentes. Assim, depois da memória estar estabelecida e houver menos coisas "impressionantes" a serem catalogadas, a atenção é menor, e nossa noção de espaço e tempo é alterada.

Fazemos isso todos os dias não? E os dias passam cada vez mais rápido. E envelhecemos cada vez mais rápido. E de repente, há pessoas à sua volta que morrem, outras se casam, outras nascem, e quando paramos, só vemos fatos e momentos marcando a nossa vida. Fatos e momentos que não conseguimos nem lembrar direito de como ocorreu e das pessoas envolvidas... Apenas fatos e momentos...

Hábitos e rotinas. E nada mais...

E isso acontece em tudo. Ao pegar um ônibus, ao conversar com uma velhinha no metrô, ao olhar pra uma garota bonita, ao prestar atenção na sala de aula, ao replicar uma ofensa sofrida, ao defender um pensamento ou uma pessoa, ao se apaixonar que alguém (provavelmente alguns irão descordar nesse aspecto, mas nós também criamos uma forma de controle doentio e inconsciente de nossos sentimentos), ao se desapaixonar por alguém, ao gritar como um bárbaro a puros pulmões para expressar raivas e frustrações, etc... etc... etc...

E a única coisa que nos impede de transformar tudo isso ( digo transformar, não ir contra, não lutar, pois não acredito que negar ou sublimar algo que é parte da integridade da mente humana vá resolver algo) é a falta de coragem para atravessar essa barreira, essa muralha que críamos em torno da torre de nossas vidas.

E o esforço nem é tão grande. O que tem além dessas muralhas não é nada de tão assustador assim.

Há milhões de coisas únicas e extraordinárias acontecendo ao mesmo tempo à nossa vida. Basta abrir os olhos e ver. Limpar os ouvidos e ouvir. Tentar olhar tudo de novo a cada dia, e ver o que mudou de ontem pra hoje. Olharmos para nós mesmos e ver que mudamos, e se não, é só tomar uma atitude diferente. Aulas de dança, uma briga num bar, ficar com alguém completamente inesperado, ir num show de uma banda da qual se gosta, ir no show de uma que da qual não gosta. Fazer diferente. Viver diferente...

A única coisa que temos a perder é nosso tempo...

domingo, 9 de março de 2008

rosa dos ventos

E que seu perfume de rosa dos ventos
não traga nada menos que um amor dentro do peito...

Mas o clima não estava perfeito.

O vento era frio e cortante
E o sorriso, o beijo e o abraço
esperados naquele instante
viraram apenas pedaços
daquela escultura da rosa no gelo
sem tempo e sem espaço.

O aquecedor estava logo ao lado
Mas não pude alcançá-lo
Estava, por seu perfume,
embriagado.
Estava, por seu calor,
mais que encantado.
Mas só isso não bastava para
Ser príncipe ou cavaleiro
Daquele que atravessa o espaço e o tempo
enfrentando calor, chuva e vento
só para levar uma rosa à outra flor.

Mas o perfume,
e o perfume...
Foi doce e amargo.
E não adianta lavar o nariz.

Pois mesmo sabendo que está ali, não sei onde
está a rosa pelos ventos trazidas
e por eles, levada...

sábado, 8 de março de 2008

Dez abafadas...

Medo!!!Medo???medo... MEDO.

Estava estampado na cara, nas palvras, nos olhares das pessoas que passavam por ali. A situação era tensa. A disputa pelo título de vencedor e pelo estigma de perdedor. Mas afinal é disso que se trata toda competição, mesmo aquelas que se trava consigo mesmo.

O jogo era duro e ainda estava zero a zero. Parecia que ninguém entendia como se marcava pontos, ou se entendia, não havia acordo. E de repente, toca o sino do final do último tempo.

Todos, torcedores e jogadores esperando por alguma coisa que gerasse o desempate, e nada. 15 minutos, e nada. Um ruído nas caixas de som.

_ Boa tarde. Decidimos que essa partida será encerrada assim. Sem mais nem menos, literalmente. Pois afinal, num jogo onde as regras não são claras, quem dá as caras nada mais é que a outra metade da coroa. Assim sendo, mantenham-se inalterados. Aliás, medrosos e indignados.

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Muitos dizem que o medo nos dá limites. Eu acredito que ele nos mostra o caminho como nos superarmos a cada instante. Pra mim, esse friozinho na barriga só mostra até onde eu já fui, e que dali em diante eu não conheço. E como eu não nasci pra ser medíocre, assim como todo e qualquer ser humano também não existe pra isso, tomo coragem e avanço contra o medo.

Não de maneira a derrubá-lo, mas sim para deixá-lo mais frouxo e flexível. Assim eu posso sempre chegar um pouco além.

O que há além dessa porta, não é nada mais nada menos do que aquilo que menos esperamos, e em todas as vezes, semente de prazer ou sofrimento. Mas como diriam os sete anões "tchuin tchuin tchun clain".

Não sei viver sem carregar na minha mão direita a minha chave da coragem.

Há já outras pessoas, que, para driblar esse sentimento criam uma ilusão de controle. E por esse caminho criam possibilidades de sim e não lineares. E de repente, susto, medo, frustração.

Eu acho que alcancei o segundo degrau dessa escalada. Já superei a ilusão de controle. Agora falta superar a vontade de ter controle. Esse ainda me frustra e assusta.

A vida não é linear apesar de ser simples. E ao contrário do que muitos pensam, é sim, um caminho sem volta. Na verdade vários caminhos. E todos levam até onde levarem. O que nos cabe é pisar um pé atrás do outro ou não.

É claro que temos experiências e noções de padrões que nos dão dicas de onde possivelmente cada caminho chega. Mas saibam de uma coisa: Na verdade, nunca chega. E quando chegar, é pq já foi.

Levar leve. Um passo de cada vez. O resto, é lucro, é bônus. Não faz nem deve fazer falta.

Sangue. É essa a tinta com que vc escreve a história da sua vida. Se tiver medo de perder todo sangue, de infeccionar um corte ao tirá-lo, de doer demais, de rasgar demais, etcs e etcs, Talvez sua única aquisição ao passar por ela seja um pedaço de pedra escrita : Descanse em Paz.

Um ano e meio que eu fiz aquela promessa. Não vou viver por viver, Vou viver. Ele me ensinou quando deixou de viver. A levarei comigo até meu último segundo.

Mas livre arbítrio...

post confuso e extremamente pessoal. não pensem sobre, apenas leiam sem se preocupar.
De erick para Erick...